70. PELO NATAL, PASSADINHA

Provérbio que descreve os dias curtos do mês de dezembro.


Os provérbios, os ditados, os axiomas, os chavões, as máximas ou as frases feitas têm frequentemente por base o senso comum ou a “sabedoria” popular e situações corriqueiras ou triviais que podem ou não servir como advertência. Raramente se conhece o seu autor ou a sua origem mas por vezes podemos especular sobre a sua relação com factos ou situações do dia-a-dia das pessoas que os usam como no caso dos provérbios que apresentamos esta semana.

No hemisfério norte, nos dias que antecedem o Natal, os movimentos de rotação e translação da Terra distanciam-na consideravelmente do seu astro. O sol, visto da Terra, está o mais longe que é possível do equador celeste ou linha imaginária que “divide” o céu ao meio exatamente da mesma maneira que o equador terrestre divide a Terra em duas metades iguais. Este fenómeno astronómico conhecido como solstício de inverno é o momento em que a luz do sol incide com menor intensidade no hemisfério norte e marca o dia mais curto ou — dependendo da nossa perspectiva — a noite mais longa do ano. De acordo com a convenção, o dia 21 de dezembro, data em que geralmente ocorre este solstício, marca igualmente o início do inverno.

A sabedoria popular portuguesa descreve os dias cada vez mais curtos que antecedem o Natal comparando-os aos pequenos passos, ou para sermos mais exatos: aos pequenos pulinhos ou saltinhos de um dos pássaros mais avistados em território nacional: o pardal. O nosso ditado diz:

Pelo Natal, passadinha de pardal

Mas o povo também sabe que a partir do solstício de inverno os dias vão começar a “crescer” e por isso criou igualmente um provérbio para descrever essa situação:

Janeiro fora, cresce uma hora

Há muitas máximas associadas ao Natal que ajudam a descrever o tempo meteorológico como por exemplo:

Ande o frio por onde andar, há de vir pelo Natal

Pelo Natal, neve no monte, água na ponte

Apesar de, no hemisfério norte, o inverno apenas começar oficialmente quatro dias antes do Natal há muito que as temperaturas começam a baixar e que chove cada vez mais. A combinação de temperaturas baixas e chuva faz com que neve nas terras altas e daí a expressão: neve no monte. As chuvas frequentes ou, como dizem os meteorologistas, a “precipitação elevada,” contribuem para encher as barragens e aumentar o caudal dos rios. Em consequência disso, a água que corre debaixo das pontes torna-se mais visível e daí dizermos: água na ponte.

Considerando a importância do setor agrícola em Portugal não surpreende que o período natalício esteja associado com diversas tarefas agropecuárias como por exemplo retirar as ervas daninhas do campo onde, em novembro, se cultivam as favas, começar a plantar as ervilhas ou apanhar a azeitona. É por isso que os portugueses dizem:

Pelo Natal, sachar o faval

Quem quer bom ervilhal semeia antes do Natal

Quem varejar antes do Natal, deixa o azeite no olival

Há ainda um provérbio que prescreve o benefício da vitamina C, presente nas laranjas, no tratamento das constipações ou gripes ou, mais precisamente, nas bronquites ou inflamações dos brônquios que na linguagem popular se descreve como “catarral”.

Se te queres livrar de um catarral, come uma laranja antes do Natal

Por último, há uma interessante recomendação associada com o pastoreio ou pastorícia, isto é o cuidado com os animais:

Pelo Natal, cada ovelha no seu curral

mas vamos deixar a sua explicação para a próxima semana…

Até lá, continuação de Boas Festas!

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